Igreja de São Francisco de Assis

Mariana/MG

DescriçãoA Igreja de São Francisco de Assis localiza-se no antigo Largo da Cadeia, atual Largo de São Francisco, na cidade de Mariana. Coube à Ordem Terceira de São Francisco a iniciativa da construção de sua própria igreja, através de licença concedida por D. Frei Manuel da Cruz em 1761. A capela foi iniciada em 1762 e obedeceria ao risco de autoria do Padre Ferreira da Rocha, executado naquele ano. Entretanto, esse não foi o risco realmente adotado, tendo sido substituído, ainda no mesmo ano, pelo do arquiteto José Pereira dos Santos. As obras de alvenaria ficaram sob a responsabilidade de José Pereira Arouca. Em fins de 1763, foi colocada a pedra fundamental. Em 1777, concluídas a capela-mor, a sacristia e a casa do noviciado, deu-se a benção da nova capela e foi realizada a primeira missa no dia 6 de dezembro. Em 1783, deliberou-se fazer novo frontispício e torres, bem como modificar o arco do coro. Em 1790, as torres já deviam estar concluídas, uma vez que, naquele ano, o Bispo de Mariana sagrou o sino grande, dando-lhe o nome de "Francisco da Conceição". As obras arrastaram-se, ainda, por alguns anos, visto que, em 1793, o Irmão Miguel Teixeira Guimarães faz a entrega da capela-mor, da sacristia, do noviciado e dos corredores, e, em 1794, foi feito pagamento da parte mais importante da construção a José Pereira Arouca. Depois dessa data, ocorreram trabalhos de pintura. Sabe-se que, além do conhecido empreiteiro José Pereira Arouca, alguns notáveis artistas trabalharam na capela de São Francisco, como Manuel da Costa Athaíde e Francisco Vieira Servas. Entre os trabalhos realizados por Athaíde entre 1794 e 1795, consta o douramento do retábulo do altar-mor e do altar de Santa Izabel, bem como a encarnação da imagem. Conforme indica a documentação, os demais altares foram concluídos entre fins do século XVIII e princípios do XIX, quando oram entregues os trabalhos de douramento, cabendo a Francisco Xavier Carneiro a autoria do douramento dos altares de São Roque e São Luiz Rei de França. Em 1793, foram concluídos os púlpitos, ajustados com José Pereira Arouca. Entre 1794 e 1802, foram feitos acréscimos no camarim, no feitio da peanha dos nichos e tronos, constando, na documentação, pagamento a Francisco Vieira Servas em 1801-1802 pela fatura do trono. Quanto à pintura, sabe-se que Francisco Xavier Carneiro recebeu por trabalhos realizados, alguns não especificados, entre 1802 e 1807. Com base nesse dado e na análise de estilo, vários especialistas atribuem a pintura do forro da nave ao artista. Já os painéis do forro da sacristia são atribuídos a Manuel da Costa Athaíde por vários pesquisadores de renome. Sabe-se que o pintor, conforme já referido, executou diversos trabalhos na Igreja entre os anos de 1794 e 1795. Localizada na mesma praça onde se ergue a Igreja do Carmo, a construção é toda de pedra, com duas torres também de pedra ladeando o frontão pouco curvilíneo, encimado por cruz patriarcal. Possui grande portada esculpida, com guarnições de pedra, encimada por verga curva que termina numa grande cartela ladeada de anjos, contendo inscrição dedicada a São Francisco de Assis com data de 1763. Acima dessa cartela, há uma pequena cimalha servindo de apoio para outra cartela, menor, brasonada e encimada por um anjo, e, finalmente, o crucifixo. Acima dele, fica o óculo grande e envidraçado, interrompendo a cimalha. Ladeando a porta de entrada, à altura da cartela, estão quatro janelas envidraçadas com guarda-corpo em balaústre. Os cunhais são em cantaria, assim como a base do corpo da Igreja. Internamente, a construção é bem proporcionada, com o altar-mor sem dossel, despojado de ornatos, em estilo simplificado. O retábulo é constituído por duas colunas centrais, com o fuste em caneluras e parte inferior torsas. Exteriormente a elas, encontram-se dois consolos ornamentados. Limitando o retábulo, há duas pilastras de cada lado, onde se apóiam os arcos do teto da capela-mor. O trono é alto, abrigando a imagem de Cristo Crucificado na parte superior e a de São Francisco de Assis nos degraus. Os altares laterais apresentam dossel do tipo estilizado, alguns simples, outros mais ornamentados, trazendo consolos em volutas, no lugar das colunas. Os púlpitos possuem talha delicada e contêm, inferiormente, suportes em forma de pirâmide invertida com profusa ornamentação. O teto da nave é pintado, sendo limitado, inferiormente, por uma moldura arqueada tanto sobre o arco-cruzeiro como sobre o coro. Uma balaustrada artística, servindo de guarda-corpo do coro, apóia-se sobre três arcos, os quais são limitados, lateralmente, pelas paredes e, no centro, por duas colunas.

Situação atual:Essa Igreja pertence à Arquidiocese de Mariana e mantém seu uso original, que é o de servir ao culto religioso católico. De acordo com os dados colhidos em visita a campo realizada em 2002, esse imóvel encontra-se em bom estado de conservação.

Informações sobre o tombamento:Esse bem foi tombado em 08 de julho de 1938, processo nº. 072-T-38, inscrição nº. 163, constando do Livro Belas Artes, v. 1, p. 29.

Fotos do Bem: (14)

Plantas/Desenhos: (6)