A elaboração de um Atlas Digital atualizado do acervo histórico e cultural de Minas Gerais possibilita, aos diversos setores da comunidade, o conhecimento da herança cultural do Estado, por meio de uma leitura visual e interativa dos itens tombados, que são apresentados por meio de mapas, fotografias, desenhos e documentos específicos. Tais informações propiciam uma avaliação permanente das condições físicas desse patrimônio, com o propósito de protegê-lo e divulgá-lo. Além desses aspectos, o Atlas Digital caracteriza-se por seu caráter abrangente, uma vez que reúne o conhecimento de diversas áreas como a Geografia, a História, a Arqueologia, a Sociologia, a Política, a Arquitetura e as Artes Plásticas, entre outras, o que torna mais rico o teor de suas informações.
Minas Gerais, como reflexo da importância do Estado e de seu patrimônio histórico e cultural no cenário nacional, possui o segundo maior conjunto de bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Em vista disso e objetivando atender, dentre outras, a determinação da Constituição Federal de 1988, no que tange à proteção do patrimônio cultural brasileiro, surge o projeto de elaboração de um Atlas Digital, como meio de divulgação de informações relacionadas ao tema, envolvendo monumentos que representam mais de 300 anos da história de Minas Gerais. Para que as informações acerca dos bens tombados pelo IPHAN em Minas Gerais apresentassem o maior detalhamento possível, foram empregadas imagens digitais utilizando-se Sistemas de Informações Geográficas (GIS) associados à técnica de hipertexto na recuperação de textos descritivos e documentos históricos.
A utilização desses recursos torna possível apresentar, pela primeira vez, informações sobre os 219 bens distribuídos por 47 municípios mineiros, com imagens panorâmicas mais justas e precisas, reunidas na forma de mapas temáticos. Visando suprir a ausência de uma publicação que apresentasse o patrimônio histórico e artístico mineiro sob a forma de um Atlas, esse projeto configura-se, ainda, como instrumento de divulgação de fácil consulta, possibilitando, pela abrangência de seu conteúdo, que grande número de pessoas conheça o que é inerente à sua formação, desde o passado mais remoto ao mais recente, tornando-as mais conscientes da importância de se preservar sua história. Além dos aspectos abordados, o Atlas Digital é um instrumento útil para pesquisadores especialistas de diversas áreas, contribuindo para uma maior valorização e uma melhor divulgação de bens tombados no Estado de Minas Gerais. Com isso, torna-se fator relevante na área de turismo e, ainda, cumpre seu papel no âmbito da pesquisa, atendendo, assim, aos objetivos da FAPEMIG quando financia projetos voltados para a evolução do conhecimento e o desenvolvimento da economia e do bem estar social.
O conhecimento de bens que integram o patrimônio cultural é um passo importante para seu reconhecimento e sua valorização, apresentando-se como condição imprescindível para que sejam preservados. Portanto, a utilização de recursos modernos para a visualização desses bens, capazes de disponibilizar grande quantidade de informações de maneira dinâmica e interativa a estudantes, profissionais, pesquisadores e políticos, torna-se fundamental para o processo de integração entre a comunidade e sua memória. Atendendo às atuais demandas no âmbito da comunicação, os Sistemas de Informações Geográficas apresentam-se como o ambiente ideal ao oferecer inúmeras possibilidades de interface no campo do patrimônio histórico e artístico. Quando aplicados ao estudo do patrimônio cultural, os GIS permitem congregar, num mesmo ambiente informatizado, todas as informações pertinentes aos processos de tombamentos, desde textos e pareceres de análise até documentação fotográfica e mapas em qualquer escala. Esse mapeamento pode auxiliar a definir as poligonais de tombamento, contribuindo para que o IPHAN se beneficie diretamente com a utilização do sistema, uma vez que as atividades de proteção do acervo arquitetônico e urbanístico se encontram comprometidas pela indefinição de limites precisos das áreas tombadas. Esse fato evidencia-se nas cidades históricas mineiras, que, à exceção de Ouro Preto, Diamantina e Tiradentes, não apresentam suas delimitações bem definidas.
Ocorrem, ainda, cidades com áreas tombadas integradas aos sítios urbanos, e outras com expressivas edificações a serem protegidas, que ainda requerem ser inventariadas e mapeadas dentro de conjuntos urbanos específicos. Podem ser feitas, também, simulações que permitem a visualização completa desses conjuntos, possibilitando a análise de novas intervenções. Além disso, as áreas de entorno desses conjuntos podem ser mapeadas, contribuindo para a preservação da paisagem e, assim, impedindo alterações em locais de significativo valor histórico.
Diante da relevância dos aspectos acima citados, o Atlas Digital é de grande utilidade para profissionais envolvidos com a preservação do patrimônio histórico e artístico, considerando-se as informações pormenorizadas contidas em seu banco de dados e os mapeamentos em escala estadual, regional e urbana, que podem ser acessados via Internet.
O mapeamento dos bens móveis e imóveis, realizado com o uso de tecnologia digital sofisticada, organiza-se na forma de vários layers (níveis) de informação, que permitem ao usuário entender o processo de construção cultural em cortes cronológicos, geográficos e artísticos, individuais ou sobrepostos. Dessa forma, obtém-se um sistema de informações organizado em função do tempo e do espaço, o que permite a localização precisa da cada bem ou conjunto tombado.
No que se refere ao banco de dados, a informação alfanumérica está associada às entidades gráficas estudadas, o que possibilita um outro nível de análise e gestão, além de uma melhor compreensão dos elementos envolvidos nesses processos. Em vista disso, tornam-se fundamentais dados situados dentro das áreas envolvidas, tais como proprietários, áreas dos imóveis e principais características físicas, entre outros, imprescindíveis para o estudo dos monumentos existentes.
Abrangendo a mais completa identificação possível de cada item, a pesquisa pode ser classificada como um Atlas Digital, acrescido de um dicionário dos bens tombados, podendo ser interpretada, ainda, como um Guia Geográfico, Histórico e Técnico dos Monumentos do Brasil.
O banco de dados do Atlas Digital apóia-se em duas bases, uma cartográfica e outra alfanumérica. A base cartográfica apresenta uma variedade de temas, que incluem mapas de municípios mineiros, bases cartográficas municipais e a localização dos bens do acervo e das áreas em questão. Em multimídia, o Atlas apresenta fotos panorâmicas atuais e antigas de diversos ângulos, bem como plantas originais, dentre outros documentos de relevância.
A base alfanumérica complementa os documentos anteriormente citados, enriquecendo-os com uma diversidade de dados quantitativos e qualitativos. Em relação aos aspectos cartográficos, dentre alguns dos dados especificados, apresentam-se os nomes dos municípios selecionados e de suas respectivas áreas, e o número de prédios tombados, incluindo-se, ainda, dados específicos das obras tombadas, com textos técnicos e históricos contendo a descrição minuciosa dos bens.
O GIS corresponde a um sistema destinado ao processamento de dados referenciados geograficamente, desde sua aquisição até a geração de saídas na forma de mapas, relatórios, arquivos e meios magnéticos, dentre outros, provendo recursos para estocagem, gerenciamento, manipulação e análise.
A informação espacial armazenada num GIS reduz-se a três entidades geométricas possíveis: pontos, linhas e polígonos, que podem ser mantidos em meio magnético segundo diferentes estruturas de dados espaciais. Dentre as mais típicas, verificam-se a Vetorial e a Raster, ambas empregadas no Atlas Digital.
Devido a essas características, e pelo fato de a metodologia de análise depender das possibilidades dos processos disponíveis nos softwares adotados e a serem desenvolvidos, o GIS torna-se o sistema adequado para atender as necessidades do projeto, cujas informações incluem nome do bem tombado, autor, data de execução, peculiaridades artísticas, culturais e de conservação, relevância histórica, etc.